Desativação das redes 2G e 3G: o que isso significa?
Durante minhas últimas férias, me deparei com a notícia que a AT&T nos EUA iniciará a desativação de suas redes 2G e 3G em fevereiro de 2022.
E porque estão desativando o 2G e 3G? Custo!
É caro manter equipes capacitadas em todas as tecnologias, além da necessidade de ter estoque destes equipamentos, suas peças e servidores - alguns que pertencem a vendors que nem existem mais.
Removendo esses equipamentos dos sites (locais das antenas) também significa reduzir o consumo de energia, demanda de baterias, geradores e ar-condicionado, e oferecer menos pontos de falha e alvos de vandalismo/furto.
Desativações deste tipo são incomuns em telecom, principalmente num mercado do tamanho do Americano, e podem ter certeza que muitas empresas estarão observando o evento para lhes ajudarem precificar os riscos e consequências.
Uma ação de mitigação da AT&T está sendo oferecer celulares de graça para clientes impactados. Isso não é muito diferente, para quem recorda, de quando as redes 1G foram desativadas no Brasil e as empresas deram de graça celulares para clientes que ainda estavam com aparelhos analógicos. (Meu avô foi um dos "contemplados" porque ele foi forçado a se modernizar. Diga-se de passagem, que até hoje ele sente saudades do seu celular indestrutível pré-nokia 3310).
E no Brasil?
Pelo meu entendimento, há desafios relacionados à regulamentação para empresas conseguirem fazer uma ação destas, mas não se iludam pensando que o nosso país está longe de alcançar o patamar necessário, o Brasil tem uma cobertura bem ampla de redes 4G, e a redução de custo via a desativação do 2G e/ou o 3G pode ser uma justificativa de peso das empresas para conseguirem investir ainda mais na cobertura do 4G (e 5G).
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Não acredita que a cobertura de 4G seja tão ampla? A Anatel evidencia neste Mapa da telefonia móvel no país por tecnologia (2G, 3G e 4G).
Neste momento, talvez, começaram a pensar que cobertura perfeita não significa que todos os usuários conseguirão usar as novas tecnologias. Talvez muitos ainda estejam usando celulares mais antigos sem as antenas necessárias. Para responder essa preocupação temos mais dados da Anatel (imagem abaixo) de Maio de 2021, que aponta que 76,1% do usuários utilizaram o 4G, e apenas 11,1% o 2G. Na Claro e TIM esses números de 2G chegam a ser 3,9% e 5,1% respectivamente.
Fonte: Anatel - Overview of Telecommunications in Brazil
O que isso tudo significa?
Que as redes legadas tenderão a ser uma preocupação cada vez menor nos próximos anos para as operadoras, e haverá um movimento mais forte para usar novas funcionalidades vindas das gerências e sistemas 4G, 5G, etc. Isso significa, inclusive, um maior uso de virtualização, conteinerização, VNF, etc.
Rafael Ulhoa
Arquiteto de Soluções Advisor | Custumer Success